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30/09/2020
Cidades Sustentáveis | Geração de renda | Notícias

Curso de empreendedorismo capacita grupos de costureiras em Manaus

Ação faz parte de projeto desenvolvido pela FAS em parceria com a Klabin. Objetivo é auxiliar na formação de oito grupos de costureiras em situação de vulnerabilidade social.


Dinâmicas em grupo, troca de experiências e muito aprendizado. Foi assim que oito grupos de costureiras e costureiros de cinco bairros periféricos de Manaus (AM) foram recebidos na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) para um curso de capacitação executado com o auxílio da consultoria Impact Hub Manaus. O objetivo foi discutir sobre finanças e estratégias de comercialização. A ação fez parte da última etapa de um projeto realizado em parceria com a empresa Klabin que, diante da pandemia da Covid-19, impulsionou doações voltadas para as áreas de saúde, assistência social e geração de renda. Com o apoio da empresa, 200 famílias podem se reinventar economicamente por meio da confecção de 15 mil máscaras.

Durante a ação, houve oficinas com temas que relacionam a importância do autoconhecido com o empreendedorismo, atividades para definição de modelo de negócios e ginástica laboral. Também foram abordados temas como finanças, fluxo de caixa, precificação, canais de venda, definição de metas e organização do plano de desenvolvimento.

Formados majoritariamente por mulheres, entre os grupos estavam imigrantes, refugiados, povos indígenas e moradores de zonas periféricas da capital. A capacitação contou com a presença de representantes dos bairros Coroado, Jorge Teixeira, Monte das Oliveiras, Redenção e Parque das Tribos. A ação respeitou as medidas sanitárias, como distanciamento social, uso de máscaras e realização do evento em local espaçoso e aberto.

De acordo com a coordenadora de Cidades Sustentáveis da FAS, Paula Carramaschi Gabriel, o projeto pretende profissionalizar pessoas em situação de vulnerabilidade social, uma maneira de demonstrar possíveis caminhos para abrirem negócios próprios, podendo ir além da confecção de máscaras. “Queremos ajudar a se formalizarem, a abrirem uma associação, irem atrás de empresas, terem um perfil nas redes sociais e se organizarem financeiramente. A ideia é entender sobre o que é um negócio social e tudo que podem fazer com isso. É por isso que estamos fortalecendo a periferia, os povos indígenas, os imigrantes e refugiados”.

Negócio social e solidário

Uma das participantes, a indígena do povo Witoto e moradora do Parque das Tribos, Vanderlécia Ortega dos Santos, ingressou no projeto após a pandemia obrigar as mulheres do bairro a alterarem as dinâmicas de trabalho, antes formadas pelo artesanato. “Nossos povos precisam se reinventar a todo momento e a máscara foi uma reinvenção para gerar renda para nossas famílias”. Segundo ela, as mulheres também se articulam há anos para fundar uma associação própria. Vanda, como é conhecida, afirma que o curso da FAS poderá auxiliar nessa conquista. “Nós não tínhamos informação sobre a parte burocrática para gerir recursos, então para a mulher indígena essa formação é extremamente importante, porque nos capacitará para a associação”.

A questão da sustentabilidade também esteve presente durante todo o curso. Entre os participantes do evento, estavam pessoas ligadas à iniciativas de reciclagem, como o Projeto de Restauração Ecológica e Urbanização Sustentável na Amazônia (Reusa), localizado no bairro Redenção. Rudson Almeida da Silva, um dos representantes do Reusa, explica que, a partir da venda das máscaras, tanto o Reusa quanto a comunidade da Redenção, fortemente impactados pela pandemia, poderão se fortalecer. “O que mais me chamou atenção no curso foi a parte administrativa, onde tínhamos mais dificuldade. A produção e a maneira de trabalhar estavam boas, mas na parte do lucro e de como manusear isso, a gente errava bastante, mas aprendemos e isso será bem importante”.

Para pessoas em situação de refúgio e imigrantes, o projeto significa uma mudança de vida e uma chance para se adaptarem a uma nova cultura. É o caso da venezuelana Idelma Nava, que vive há três anos em Manaus e participa do grupo Mãos Entrelaçadas. Segundo ela, que costumava administrar uma loja de roupas na Venezuela, o projeto é uma oportunidade de se desenvolver profissionalmente. “É bom para aprender mais sobre a cultura do país e para nos envolvermos mais no trabalho. Quando vim para o Brasil, cheguei sem nada e trabalhava na rua, mas agora eu posso costurar e novas portas se abriram para eu seguir em frente”.

Saiba mais

O projeto ocorre no âmbito da Aliança Covid Amazonas e tem o apoio da empresa Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. A Aliança é uma iniciativa de combate à Covid-19 que também atua como um projeto de desenvolvimento local nas periferias de Manaus. Além de promover ações de prevenção ao coronavírus a famílias em situação de vulnerabilidade, a Aliança oferece oportunidades de geração de renda por meio da produção de máscaras artesanais e da estruturação da cadeia de reciclagem do papel.