Cultura, sustentabilidade e inovação. Os elos da chamada economia criativa foram tema do “Diálogos Criativos: negócios sustentáveis na Amazônia” realizado na Ultima semana pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em parceria com a Associação Zagaia da Amazônia. Diferente das rodas de negócio convencionais, o foco do evento era uma troca de experiências entre um pUblico inédito: novos empreendedores ribeirinhos e empreendedores já consolidados de diversas partes do Brasil.
O evento foi centrado em três setores: mercado e inovação, artesanato e moda e gastronomia e turismo. Segundo Wildney Mourão, Coordenador de empreendedorismo e negócios sustentáveis da FAS, essas temáticas foram discutidas buscando pensar no cenário local.
“A finalidade do Diálogos é promover oportunidades de mercado para os empreendedores da floresta, tendo a conservação ambiental e a inovação como pano de fundo permeando a valoração dos ativos da Amazônia”, afirma.
Experiências de sucesso a partir de ativos regionais foram apresentadas por todos os empreendedores convidados, como o chef amazonense Dedé Parente, da Cachaçaria do Dedé e a a designer de biojóias Maria Oiticica, radicada no Rio de Janeiro. As trajetórias de desafios são uma inspiração para os empreendedores da floresta que estão começando agora.
“Histórias como a do sr. Dedé me marcaram muito. Ver como ele começou, as lutas e o trajeto que ele trilhou para chegar até onde está hoje são uma inspiração” afirma Vagner Menezes, empreendedor ribeirinho da região de Carauari que trabalha com a extração de óleos vegetais.
Nos dois primeiros dias, o Diálogos teve ciclos interativos de palestras com o objetivo de projetar ideias, trocar experiências e compreender o mercado a partir da experiências de todos os empreendedores. Apoiado pelo Fundo Newton, British Council e pelo Fundo Amazônia, o evento terminou no sábado com uma visita à comunidade do Tumbira, na RDS do Rio Negro.
Durante a visita, empreendedores ribeirinhos e os empreendedores palestrantes convidados do puderam conhecer empreendimentos sustentáveis na floresta, como a Pousada Garrido, gerida por comunitários da comunidade do Tumbira. Para Ana Gabriela Fontoura, diretora da Estação Gabiraba de ecoturismo em Belém e palestrante convidada, a pousada é um exemplo de empoderamento comunitário: “Iniciativas como essa no Tumbira colocam o turismo nas mãos dos moradores locais, que assumem o papel de gestores do turismo onde vivem”. As belezas da região também são um potencial para o turismo local, segundo ela.
“Numa região que tem um potencial turístico gigante como o Rio Negro, ter uma comunidade onde o dono do negócio é o morador é muito promissor, principalmente sabendo que os comunitários estão tendo no turismo uma possibilidade de participar de uma atividade econômica sustentável” afirma.
A visita à Reserva terminou com um almoço no Restaurante do Inglês, empreendimento comunitário às margens do Rio Negro. Ao todo, treze empreendedores participaram da visita, que possibilitou uma troca de ideias informal e mais próxima.
“Os conhecimentos e as histórias que a gente conseguiu dividir são impressionantes. São histórias de vida de muita gente fazendo coisa boa pela floresta que às vezes nem sabemos” afirma Ana Gabriela. Para Vagner, conhecer outros empreendedores é encorajador: “Essa troca de experiências é o que de fato mexe com a gente que está começando e inspira a seguir. Isso era o que faltava para sabermos que estamos no foco certo. Uma porta que se abriu para a gente traçar o caminho e saber que mesmo estando na floresta temos potencial sim” afirmou.